O painel "De olho na COP30: O Caminho para o Triple Up Double Down", realizado ao final do primeiro dia da 15ª edição do Brazil Windpower, focou nas contribuições da diplomacia climática e dos mecanismos de financiamento verde para triplicar a geração renovável no planeta, uma meta estabelecida em 2023, na COP28 de Dubai, que deve seguir como decisiva nas negociações das próximas duas conferências da ONU, que serão realizadas no Azerbaijão e no Brasil em menos de um ano.
No debate mediado por Ben Backwell, CEO do GWEC, diferentes visões globais, nacionais e setoriais foram apresentadas por Morten Dyrholm, VP Global de Assuntos Públicos da Vestas; Roberta Cox, Diretora de Políticas Públicas no Brasil da GWEC; Cecilie Thomsen, Conselheira do Setor de Energia da Dinamarca; David Bontempo, Superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI; e Thiago Barral, Secretário de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia.
De acordo com Backwell, é previsto que o setor eólico se recupere e dobre sua taxa de expansão até 2030 em comparação com 2017-2023, impulsionando a transição energética. Contudo, apesar de acelerado, o ritmo de crescimento pode não ser suficiente para o alcance da meta, que depende de esforços organizados entre os países e incentivos ao desenvolvimento sustentável, como os que têm sido realizados no Brasil com regulações e incentivos às tecnologias de transição energética.
Essa é justamente a visão de Thiago Barral, do MME. "O Fundo Clima, por exemplo, está impulsionando projetos com títulos soberanos sustentáveis, de acordo com um conjunto de critérios. Recentemente, esses critérios foram atualizados para focar em tecnologias que necessitam de maior apoio, como o hidrogênio verde e a energia eólica", disse ele, revelando novos avanços brasileiros que devem ser anunciados nos próximos dias. "Será anunciado o esforço conjunto de uma plataforma de investimentos climáticos e de transformação ecológica, envolvendo o Ministério da Fazenda, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Ministério de Minas e Energia e o Ministério do Meio Ambiente, com foco na industrialização verde e em soluções sustentáveis. Esses anúncios incluirão projetos alinhados a essas plataformas, além de recursos combinados com fundos soberanos e outras estruturas mais complexas, especialmente em iniciativas pioneiras como o hidrogênio verde e o SAF. O objetivo é acelerar o aprendizado e apoiar novos exemplos desse tipo de projeto."
Nesse sentido, a diretora da GWEC, Roberta Cox, afirmou que a organização, uma das maiores representantes globais do setor de energia renovável, tem buscado nas COPs aumentar a visibilidade da agenda em prol da indústria eólica e da descarbonização econômica, apontando para aspectos como o desenvolvimento inclusivo e a mitigação dos impactos climáticos. "Nossa voz tem sido cada vez maior, mas é muito importante que aumentemos nossa representatividade e apresentemos soluções viáveis agora. Os desastres climáticos que estamos testemunhando no Brasil e no mundo levam muito tempo para serem recuperados, e essa condição é evitável. Pode ser caro fazer a transição energética, mas é pior recuperar", ponderou.
Para a representante dinamarquesa Cecilie Thomsen, os modelos de compartilhamento de aprendizado internacionais, como a Aliança Global pela Energia Sustentável, criada na COP27, devem ser ampliados. "A ambição era criar essa força global com uma mobilização política e comunitária. Desde então, identificamos que isso foi apenas o início. Era necessário mobilizar a indústria e a iniciativa privada, o que tem sido feito com sucesso nas últimas edições", explicou.