Cerca de 6.500 visitantes em três dias de evento, mais de 160 debatedores e quase 50 horas de painéis divididos pelas três arenas montadas na São Paulo Expo, em São Paulo, e mais de 100 empresas expositoras. Os números superlativos alcançados durante a 14ª edição do Brazil Windpower (BWP) confirmaram a força do setor eólico em território nacional e apontaram caminhos para transformar o país em um dos protagonistas globais na geração de energia sustentável.
Considerado o principal congresso do setor eólico na América Latina, o BWP reuniu executivos de grandes marcas, autoridades públicas, representantes de entidades do setor, empreendedores, consultores, prestadores de serviços e fabricantes da cadeia eólica do país e do exterior. E o que se notou ao final dos três dias de evento é que o Brasil está pronto para receber investimentos e se transformar em uma potência mundial no assunto.
"O Brasil começou com a cadeia produtiva de eólica antes mesmo de ter energia eólica. Isso demonstra a vocação do país e a capacidade natural de atrair capital. O capital quer vir pro Brasil. O país está na lista das principais empresas do mundo para investimentos. Então, a gente tem, sim, que enxergar essa vantagem. Uma natureza para criar um ambiente para atrair esses recursos”, destacou Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica - Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias
A energia eólica brasileira é uma das mais promissoras no mundo. No ano passado, o país bateu recorde de instalações de energia eólica, registrando mais de 4 gigawatts (GW), segundo o GWEC, ficando em terceiro lugar, atrás somente da China e dos EUA.
Energia eólica offshore
De acordo com o “Roadmap Eólicas Offshore 2035” da Empresa de Pesquisa Energética-EPE, o potencial de eólicas offshore no Brasil é em torno de 700 GW. Isso equivale a 50 usinas hidrelétricas como a de Itaipu. Para que isso, enfim, se torne uma realidade, foi quase consenso entre os participantes do Brazil Windpower a necessidade da aprovação do projeto de lei 576/2021, que disciplina a exploração e desenvolvimento de energia a partir de fontes de instalação offshore. Com esse marco regulatório, haverá um ambiente jurídico seguro e será o passo mais importante para “destravar o crescimento da indústria eólica no Brasil”.
Para se ter ideia, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já tem 74 pedidos de licenciamento ambiental de projetos eólicos offshore, que somam 183 gigawatts (GW) de potência, o que representa 7,5 vezes mais do que a capacidade de geração onshore brasileira em junho deste ano, de 24,1 GW. Também tramita no Senado a regulamentação para o hidrogênio verde.
“O Brazil Windpower confirmou o tamanho do potencial do Brasil. Estamos prontos para essa transição energética. E, naturalmente, um marco regulatório será determinante para impulsionar de uma vez nosso setor”, acredita Hermano Pinto Junior, diretor do núcleo de energia e infraestrutura da Informa Markets.
Investimentos, novas tecnologias e ESG
Com o tema “Política industrial verde e transição energética justa: o protagonismo brasileiro”, a edição de 2023 do Brazil Windpower foi cuidadosa com a definição de seus painéis e teve a preocupação de abordar todos os aspectos de boas práticas ESG para o setor eólico e suas novas tecnologias, como o hidrogênio verde. Temas como a importância da diversificação da matriz energética brasileira diante do descompasso na estrutura para absorver as novas fontes de energia e até aceitação social das comunidades dos entornos dos parques eólicos fizeram parte da lista de encontros do BWP.
Um dos pontos altos da edição foi a presença de Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, que aproveitou o congresso para anunciar que a empresa assume a posição de maior desenvolvedora de projetos de energia eólica do Brasil. Além disso, deu detalhes sobre a parceria com a WEG, multinacional brasileira especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas, para o desenvolvimento conjunto de um aerogerador onshore de 7 MW de potência instalada, o primeiro desse porte a ser fabricado no país.
“O Brazil Windpower 2023 será lembrado como um momento crucial na jornada da energia eólica offshore no Brasil, marcando a transição da ambição para a ação. Os anúncios do Ministro de Energia e da liderança da Petrobras dão início a uma nova era para o país, e a indústria eólica global espera trabalhar com esta nova e crescente indústria no Brasil”, diz Ben Backwell, CEO do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica).
A edição de 2024 já tem data para ocorrer: será entre os dias 22 e 24 de outubro, novamente na São Paulo Expo, em São Paulo (SP).