O presente e, principalmente, o futuro do offshore no Brasil centralizaram as atenções do segundo dia do Brazil Windpower, considerado o maior evento de energia eólica da América Latina. Em um dos vários painéis, autoridades de Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, quatro dos estados considerados protagonistas do tema energia renovável, mostraram como estão preparados para impulsionar as eólicas offshore. No entanto, foi consenso entre todos os participantes a necessidade de um marco regulatório federal.
Isso, segundo os participantes, é fundamental para que o Brasil se torne uma referência global no assunto. “Essa transformação energética é uma necessidade urgente para o nosso país”, destacou Jaime Calado, secretário do Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte.
Considerada uma das apostas para a transição energética, a energia eólica offshore tem um potencial energético de cerca de 700 gigawatts (GW), podendo ampliar em 3,6 vezes a capacidade de energia já instalada no Brasil, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Globalmente, estima-se que 260 GW na nova capacidade eólica offshore podem ser adicionados até 2030. Para isso, estão previstos investimentos na ordem de US$ 1 trilhão. Mas, no Brasil, a fonte ainda dá seus primeiros passos. Ainda de acordo com a CNI, o Ibama contabilizava 78 pedidos de licenciamento para projetos deste tipo até o final de agosto, somando 189 GW de potência instalada. Essa é quase a capacidade total de energia já instalada centralizada no País e conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Ainda durante o segundo dia, outros dois temas foram explorados no evento: mercado de carbono e hidrogênio renovável. Durante o painel “Mercado de carbono – Regulação e potencialidades do Brasil”, especialistas lembraram que essa não é uma agenda apenas ambiental, mas, também, econômica, social e comportamental. Isso, segundo os participantes, interessa a empresas, estados, países e investidores. “O mercado de carbono pode impulsionar as energias renováveis e as novas tecnologias para o setor”, comentou Fernanda Guedes, especialista em Novas Tecnologias na ABEEólica.
Outro painel detalhou a importância do hidrogênio renovável para o processo de descarbonização. Os segmentos da indústria que já usam, por exemplo, o hidrogênio verde são a siderurgia brasileira, com o minério de ferro, o fertilizante verde e os combustíveis sintéticos. “Existe um mercado doméstico gigante que precisamos aproveitar”, lembrou Rodrigo Santana, Diretor de Operações da Atlas Agro.
Onshore: Petrobras e WEG anunciam parceria
“A Petrobras assume hoje a posição de maior desenvolvedora de projetos de energia eólica do Brasil”. Com esse discurso, Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, mostrou a importância do tema para a empresa e aproveitou para dar mais detalhes da parceria com WEG, multinacional brasileira especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas.
O anúncio contempla o desenvolvimento conjunto de um aerogerador onshore de 7 MW de potência instalada, o primeiro desse porte a ser fabricado no Brasil. “Vai ser muito importante para os investimentos em energia eólica no Brasil”, celebrou Harry Schmelzer Jr., presidente Executivo da WEG.
Brazil Windpower
O Brazil Windpower, que é organizado pelo Grupo CanalEnergia by Informa Markets, pela ABEEólica e pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), chega neste ano à sua 14ª edição, e será realizado entre os dias 12 e 14 de setembro no pavilhão da São Paulo Expo, com possibilidade para assistir ao congresso de forma online, por meio da plataforma digital. O encontro, que reunirá entidades representativas, fabricantes e executivos do segmento eólico, irá discutir as tendências, novidades tecnológicas, fontes de financiamento e os desafios para a expansão do mercado de energia limpa no Brasil e em toda a América Latina.
Além do congresso, que acontecerá em três arenas de conteúdo simultâneas, haverá uma feira de negócios que contará diversos players nacionais e internacionais, incluindo fornecedores de toda a cadeia eólica, que apresentarão as novidades mais recentes do segmento e as principais inovações tecnológicas do mercado. A programação também inclui workshops, cases de sucesso, demonstrações de soluções e outros temas relevantes.
Este ano a novidade será um espaço inteiramente dedicado à eólica offshore e novas tecnologias, a Arena Ocean Winds Offshore. Outra inovação é o Prêmio Estande Sustentável 2023, que irá reconhecer as marcas com os estandes mais sustentáveis. Para participar, a empresa expositora deve preencher um questionário informando as práticas sustentáveis implementadas em seus estandes.
Para essa edição, o evento espera cerca de 6 mil participantes, e mais de 100 empresas já estão confirmadas. A energia eólica atingiu este ano mais de 26,8 GW de capacidade instalada, o suficiente para abastecer 124 milhões de habitantes, na média mensal. Na última década, entre 2012 e 2022, o setor eólico movimentou cerca de US$ 42 bilhões em investimentos públicos e privados e a expectativa é que o setor alcance a marca de 52,9 GW de capacidade instalada em 2029. Respondendo por 14% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN), a energia eólica conta com mais de 940 parques eólicos em operação distribuídos em 12 Estados brasileiros.